Se pudesses escolher uma frase, um texto, uma música ou um poema para te definir qual seria?
“The greatest project you'll ever work on is you.” É a frase a que recorro sempre que preciso de encontrar foco e propósito. Encontrar alegria no processo e não no destino final.
Qual foi o maior desafio que viveste até hoje?
Despedir-me e começar um negócio próprio. Desde criança que ambicionava trabalhar num escritório, crescer hierarquicamente dentro de uma empresa e deixar o meu impacto positivo no mundo.
Tudo mudou, menos o impacto positivo no mundo, claro. Desconfio que todos nós queremos isso. Esta descrição serve para dizer que a minha noção de sucesso profissional e pessoal era trabalhar numa empresa, crescer lá dentro e a vida acontecer em paralelo. Depois de viver um bocadinho disso, percebi que, para mim, não era nada daquilo.
Li um livro que mudou por completo a minha forma de pensar. Aprendi que quando não estamos satisfeitos com algo, mudamos ou adaptamos. Ponto final. É só isto e tudo fica mais fácil. Nunca mais me queixei de nada na vida. No dia a seguir, despedi-me e fui trabalhar para um café para ter tempo para organizar as ideias.
Sabia que queria dias diferentes, desafios diferentes, conhecer pessoas diferentes, envolver-me emocionalmente com pessoas, ajudar, ouvir histórias, arrumar, deitar fora, valorizar espaços, perguntar, ter consciência, mandar no meu tempo, tomar o pequeno-almoço com calma, ir à praia numa quarta-feira, decidir ter os dias de férias que quero (22 dias sempre me pareceu sufocante), almoçar quando quero, com quem quero e sem ter que fazer conversa nas copas desta vida. Senti-me imediatamente uma empreendedora sem saber que o era.
E qual foi o momento mais feliz?
Tantos. É mesmo muito difícil definir o mais feliz. Vou partilhar aqueles que me encheram os olhos de lágrimas de felicidade: o dia em que os meus pais se casaram em Las Vegas e quando assisti, em direto, ao nascimento da minha primeira sobrinha; o meu primeiro dia de trabalho "a sério"; o dia em que caí no tatami a treinar; o primeiro dia em que fiz yoga com o meu professor atual; a minha entrevista para trabalhar no café “Luz Ideal”, onde o único requisito era "ser simpática"; quando fui selecionada para um programa de jovens empreendedores; quando acordei numa caravana estacionada à beira-mar; no discurso do marido da Marie Kondo sobre sermos autênticos no último dia do curso para me tornar consultora KonMari, entre outros. Estes momentos começaram a ser cada vez mais quando comecei a estar alinhada com o meu propósito, confesso.

Decidiste tornar-te organizadora e ser consultora da Marie Kondo porque…
É um método focado no desenvolvimento pessoal e assim que o conheci foi imediato. Sempre adorei organizar e sempre achei que era "taradice" minha, não sabia que podia trabalhar enquanto consultora de organização. Estava numa fase de questionamento, quando pesquisei online sobre organização profissional. Conheci alguns métodos de organização, mas o facto de o método KonMari estar especialmente focado na construção da vida ideal para cada pessoa fez-me querer optar por este caminho. Tem tudo a ver comigo e como eu gosto de trabalhar.
De que forma é que a criação desta marca transformou a tua vida?
O facto de a minha marca ser um conjunto de representações minhas, o meu nome, a minha identidade, a minha forma de pensar, o meu trabalho, os meus pensamentos, o meu design, obrigou-me a olhar para dentro para compreender quem era, quem sou e quem quero ser. Permite-me fazer um trabalho interior de reflexão, porque comunico diariamente quem sou para um público e é muito importante que essa comunicação esteja alinhada com o meu "eu", às vezes tão difícil de perceber e aceitar, e outras vezes tão fácil. A marca Rafaela Garcez foi e é, todos os dias, um trabalho bonito de desenvolvimento pessoal, crescimento e aceitação.
O que é que este projeto acrescenta à vida dos teus clientes?
Tal como a marca faz comigo, a organização na vida dos meus clientes é também um trabalho de reflexão, desenvolvimento pessoal, descoberta/definição do "eu". Organizar a casa, selecionar tudo aquilo que queremos manter na nossa vida, questionar se o que temos em casa nos faz felizes é um excelente exercício para começar a transformar a nossa vida. Quando nos entregamos a este processo e mudamos o nosso mindset em relação ao porquê dos objetos que mantemos, vamos inevitavelmente questionar se outras áreas da nossa vida, tais como relacionamentos, escolhas profissionais ou rotinas diárias, nos fazem felizes.
Um conselho para quem quer iniciar um projeto.
Confesso que ainda me sinto um pouco verde para dar conselhos, mas, de forma muito sincera, partilho que, antes de tomarmos a decisão de mudança, ouvimos mil e uma opiniões sobre o que devemos ou não fazer, dos outros e de nós próprios, principalmente. Aquilo que teve mais importância e impacto quando tomei a decisão de começar o meu projeto foi ouvir a minha intuição. Parar, silenciar e ouvirmo-nos. A nossa intuição é a inteligência mais inteligente que temos em nós.
Qual é a tua principal fonte de inspiração?
Tantas. Encontro inspiração em momentos, pessoas e afirmações. Adoro ler e seguir histórias de sucesso de outros empreendedores e de outras vidas. De pessoas que mudaram a sua vida, de pessoas que simplificam. De pessoas que sentem. De pessoas que falam de projetos e ideias. De pessoas que são positivas. De pessoas que se aceitam como são. De pessoas que sorriem para desconhecidos. De pessoas que gostam de ouvir. De livros que nos fazem questionar. De livros que nos fazem sair da zona de conforto. De livros que me abrem a cabeça. Coisas simples assim.
Como descreves a experiência Share inspiration @ the Table?
Espaço de reencontro e energia positiva. Eu não conhecia a maioria das pessoas que foram ao Share Inspiration @ The Table, mas, quando começámos a falar, senti imediatamente que todos nós éramos companheiros. Existe uma empatia e conexão muito natural que acontece no jantar. Foi incrível.
Let´s share inspiration porque…
Com todas as nossas diferenças, somos todos iguais.
Comments