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Irene Filipe Marques

Se pudesses escolher uma frase, um texto, uma música ou um poema para te definir qual seria?

Uma frase, não me perguntes de quem é, até deve ser tipo um ditado popular, mas a frase: “Quem quer faz, quem não quer manda.” Não é a que mais gosto porque isso não te saberia dizer, mas para mim faz muito sentido. Acredito que quando realmente queremos alguma coisa, não há outra maneira, temos que meter as mãos na massa massa, pensar, construir, criar e fazer acontecer.

Qual foi o maior desafio que viveste até hoje?

Até ao dia 4 de Março de 2015, pensava que tinha sido o ter mudado duas vezes de país, ter vivido em três continentes diferentes onde tive que reconstruir a minha vida ou o criar uma marca e empresa do zero. A partir desse dia, e espero que por todos os anos que tenho pela frente, o meu maior desafio é ser mãe. Uma boa mãe. O maior e o melhor de todos os desafios.



E qual foi o momento mais feliz?

Não sou aquela pessoa que tem uma música preferida, uma cor preferida, uma comida preferida, portanto também não posso ser a pessoa que define um só momento como o mais feliz. Há uma palavra, muito bonita em inglês, serendipity… aqueles pequenos acasos da vida, em que parece que todo o universo conspira para que tudo seja perfeito, quando menos esperamos, estamos felizes. Esses tenho vários que passam em flashes na minha memória e muitas vezes me fazem sorrir.

Uma tarde de domingo na ilha de Luanda, o vento quente e húmido, aquela música, um sorriso sincero e bonito e a certeza de estar apaixonada… serendipity.

O prato perfeito de canivetes depois de um mergulho no mar, o cheiro do algarve, a mesa cheia com bons amigos… serendipity.

Os primeiros três passos do Rafa na minha direção e a sua queda de rabo logo a seguir… serendipity.

Decidiste criar o Studio Irene porque…

É uma longa história que vou tentar resumir. Acho que sempre fui muito independente é um facto, sempre quis fazer à minha maneira e nunca me identifiquei com o estereotipo das agências por onde passei, com as noitadas, com as hierarquias, com a distribuição dos projetos, enfim... Em 2009, antes de ir viver para Luanda, saí da agência onde trabalhava e tentei criar uma agência de organização de eventos que não vingou. Foi a minha primeira tentativa de criar alguma coisa minha, e como passados uns messes estava em Luanda a trabalhar novamente numa agência, pensei que seria a última… O que eu não sabia na altura é que aquele não era nem o caminho, nem a altura certa… De Luanda voltei a Lisboa, sempre a trabalhar na mesma agência, e de Lisboa fui viver para o Rio de Janeiro com o objetivo de continuar a minha vida profissional em agências de comunicação. O meu portfólio nunca foi mau, mas nessa altura achei que poderia melhorar ou arranjar um diferencial e fui resgatar ilustrações antigas, inspirada pela cidade do Rio, pelas memórias de Angola, criei novas ilustrações e dei uma lufada de ar fresco ao portfólio. Entretanto, comecei a mostrar essas ilustrações no Facebook. Quando dei por mim estava a vender t-shirts, capinhas de iPhone, canecas, etc, com as minhas ilustrações. Percebi que poderia ser uma oportunidade de negócio e a ideia de ir trabalhar novamente para uma agência foi sendo adiada.. criei a minha marca de peças lifestyle decoradas com as minhas ilustrações, e isso, de forma natural, chamou a atenção de outras marcas para quem comecei a criar, ainda sem saber que o fazia, padrões exclusivos para os seus produtos. E entre trabalhos freelancer como designer gráfica e trabalhos como criadora de padrões ou ambos, fui tendo sempre clientes e nunca mais pensei na agência para onde deveria ir trabalhar. Quando voltei a Portugal passados 3 anos percebi que nunca mais ia conseguir voltar a uma agência, ainda ponderei ser freelancer, mas de forma muito orgânica as coisas foram acontecendo no sentido de criar a minha empresa, ter os meus clientes, poder fazer essa gestão dos projetos, da relação que estabeleço com cada cliente, encontrar os parceiros de negócio certos para mim. No fundo, isto foi sendo construído, passo a passo fui abrindo caminho e continuo a abrir. Ainda há muito para fazer, mas aprendi que forçar não me leva a lado nenhum. Aprendi que devo ouvir a minha voz interior e tentar fazer sempre aquilo que realmente gosto e me apaixona. Materializar os sonhos dos meus clientes, tornar ideias em realidade, contribuir, criar, tornar algo banal em especial e único… é por e para isso que existe o Studio Irene.


De que forma é que o teu negócio transformou a tua vida?

Tornou-me emocionalmente independente, consciente das minhas capacidades e, mais uma palavra em inglês, fearless.

Sou uma pessoa livre, apesar de todas as responsabilidades que gerir um negócio trazem consigo. Capaz porque tenho a certeza de que vou sempre conseguir criar algo novo, dar a volta a um problema. A consciência da minha resiliência e criatividade, algo que antes não tinha, faz-me sentir forte perante todas as adversidades que um empreendedor enfrenta no seu dia-a-dia. E isso, pelo menos no meu caso, aplica-se também na vida em geral. O meu negócio é um prolongar da minha vida, é muito pessoal, um afeta o outro, para o bem e para o mal… mas eu, e quem me conhece sabe disso, não sei ser de outra forma… e já aprendi, não vale a pena forçar. É deixar fluir.

O que é que o teu trabalho acrescenta à vida dos teus clientes?

Materializa as suas ideias, dá-lhes significado tangível, permite vender os seus produtos, mostrar o ADN dos seus negócios de forma alinhada e objectiva.

Qual é a tua principal fonte de inspiração?

Depende do trabalho, quando o briefing já vem fechado, pesquiso o tema, estudo e crio conceitos à volta disso. Quando o briefing é livre, e a base é o meu traço e o meu ADN, enquanto criativa, as minhas referências estão sempre muito ligadas à natureza tropical, às minhas origens africanas, às minhas vivências, à música… quando estou a criar para mim, em projetos mais pessoais, bom aí deixo todo o meu #euroafrotropicalismo vir ao de cima.

Como descreves a experiência Share inspiration @ the Table?

Inspiradora. Já fui a vários jantares, nunca houve um que não fosse surpreendentemente positivo. Estes jantares fizeram-me tomar consciência de uma coisa que acho que não tinha até então, apesar de o fazer sempre, mas sem consciência disso. A importância de parar e ouvir um estranho. O que se aprende… lembro-me sempre do Forrest Gump que conta a vida quase toda, e que vida, à senhora na paragem do autocarro.

Let´s share inspiration porque…

Porque nunca sei o que vou encontrar mas tenho a certeza que vou sair de lá mais rica. E às vezes fazer ou rever amigos queridos.


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