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Foto do escritorCarla Costa

Cláudia Afonso

Se pudesses escolher uma frase, um texto, uma música ou um poema para te definir qual seria?

Quando li a pergunta houve uma música que me veio logo à cabeça, não sei se me define, mas nos últimos dois anos identifico-me muito com ela: “The Greatest Showman - This Is Me”.

A letra é fabulosa e descreve um pouco o caminho interior que tenho feito. Diria que, neste momento, no meu caminho interior, estou a chegar a esta parte da vida.

“Look out 'cause here I come

And I'm marching on to the beat I drum

I'm not scared to be seen

I make no apologies, this is me”

O instrumental oscila entre o calmo e sereno e o forte e vibrante e, sim, isto sou Eu.

Qual foi o maior desafio que viveste até hoje?

Nos últimos anos tive alguns desafios, principalmente a nível da saúde. Há 11 anos descobri que tenho Otosclerose, motivo pelo qual perdi grande parte da audição e, por isso, tive de aprender a viver com esta nova realidade. Continuo em processo de aprendizagem. Este foi, é ainda, um desafio. Há 1 ano e meio descobri que tinha um tumor no ovário, tive de fazer uma histerectomia, foi assustador e desafiante a nível psicológico. Mas, em qualquer um destes momentos, o verdadeiro desafio não foi ultrapassar a questão física, o maior desafio foi voltar a gostar de mim, aceitar-me como sou, acreditar em mim. Não foi fácil deixar de olhar só para os defeitos, deixar de me esconder na sombra e passar pela vida sem viver. Isto foi o que eu fiz durante anos, após a descoberta da Otosclerose. Há cerca de 2, 3 anos disse “Basta” e comecei a tratar de mim, a olhar para mim com mais cuidado e carinho. Entretanto, apareceu o tumor e, por momentos, pensei que ia voltar para trás, mas não, portei-me bem, estou orgulhosa de mim. Sim, abrandei a minha caminhada (a situação assim o exigiu), sim, houve momentos de tristeza, cheguei mesmo a sentir-me menos mulher, mas não desisti de mim. Hoje acredito que eu mereço ser feliz.


E qual foi o momento mais feliz?

O que está bem fresco na memória foi o momento em que a médica, em agosto deste ano, 1 mês após a operação, me indicou que não tinha de fazer radioterapia ou quimioterapia. Para além do alívio que senti, lembro-me de pensar “ok, já está, já posso voltar para a minha caminhada”. Neste processo, a morte não me assustava, o que realmente me assustava era parar. Nesse dia, após dar a boa notícia aos mais próximos, aos que me acompanharam e apoiaram, fui para o jardim, passear, pintar, sentir o sol na pele… sempre a sorrir, estava feliz.

Decidiste seguir a área de engenharia mecânica porque…

Porque as minhas competências escolares eram em Matemática e Física. Porque pensei seguir as pisadas do meu Pai.

Estas respostas estão certas e, durante muito tempo, foram as únicas que sabia mencionar. Hoje, sei que não são as únicas razões, existe outra e, possivelmente, a principal razão: porque, algures no tempo, alguém pôs em dúvida que eu conseguiria entrar no Curso de Eng.ª Mecânica e, mesmo que entrasse, não seria no IST.

Trabalhas numa empresa de tecnologia há mais de 10 anos, e atualmente, és Gestora de Produto. O que é que o teu trabalho acrescenta à vida dos teus clientes?

Parte do meu trabalho passa pela utilização do meu know how na elaboração de propostas e na criação de soluções comerciais que os meus clientes possam apresentar e vender aos seus próprios clientes. A outra parte é focada na manutenção e desenvolvimento de ferramentas de trabalho para a minha equipa e clientes, por isso, diria que o meu trabalho acrescenta tempo, maior rentabilidade, simplificação de processos e maior autonomia.

Neste momento estás a explorar novas áreas de interesse e a alargar o teu universo de desenvolvimento pessoal. Como é que estás a viver esta fase?

Entusiasmada, curiosa, feliz. Estou a descobrir coisas sobre mim que nem imaginava. Entre outras coisas, descobri que gosto de desenhar, pintar. Relembrei-me que gosto de fotografia. Por vezes, sinto-me um pouco perdida, pois existe tanto para explorar que é fácil perder o foco, mas parece-me que estou no caminho certo. Estou a descobrir-me e gosto daquilo que vejo.

Qual é a tua principal fonte de inspiração?

As Pessoas. As que irradiam luz e brilham, pois inspiram-me a crescer. As que que tem uma luz mais ténue, apagada, pois inspiram-me a procurar formas de as fazer brilhar. Para além desta fonte imensa de inspiração que o mundo me dá, tenho outra muito minha, sou uma privilegiada, tenho amigos muito especiais, muito diferentes uns dos outros, mas todos inspiradores. São forças da natureza, guerreiras e guerreiros que não desistem, que lutam, que crescem, que se transformam e que me inspiram a ser melhor.

Como descreves a experiência Share inspiration @ the Table?

Única, espetacular. Juntos à mesa, num ambiente descontraído e agradável, um grupo de desconhecidos. Todos tão diferentes, mas todos disponíveis para ouvir, para escutar as histórias de vida de cada um, para se deixarem inspirar e criarem sinergias entre eles. Tudo isto com curiosidade, mas sem julgamento.

Let´s share inspiration porque…

Porque partilhar é bom. Porque quem partilha dá um pouco de si aos outros. Porque quem recebe permite-se crescer a ser inspirado. Quando feito de mente aberta, sem julgamento, é um ato de amor, pois damos um bocadinho de nós e recebemos um bocadinho dos outros.


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